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domingo, 1 de março de 2015

Mãe cria infográfico para apresentar filho autista à escola e faz sucesso na rede

na EBC


Crianças são muito curiosas. A presença de um colega da mesma idade, mas que se comporta de forma diferente, tem dificuldades na fala ou um jeito peculiar de interagir com os outros gera muitas perguntas que, por vezes, pais e professores não estão preparados para responder. Dúvidas que, se não sanadas, geram estranhamento e prejuízos na socialização.

Antecipando-se a esse cenário, a jornalista e mãe Mariana Caminha, criou uma forma simples, criativa e eficiente de apresentar o filho autista e suas singularidades para a comunidade escolar. Ela desenhou uma espécie de panfleto virtual onde descreve as preferências, traços da personalidade e algumas dificuldades que Fabrício, de quatro anos, vem superando.


Vencendo o preconceito contra o autista: Fabrício Caminha
Copyright - Vencendo o preconceito contra o autista: Fabrício Caminha
Mariana Caminha - arquivo pessoal
A postagem do fôlder em um grupo de famílias sobre o assunto na rede social, o Doutores do TEA, era apenas uma dica, mas gerou uma enxurrada de comentários e muitos pais de crianças na mesma situação quiseram copiar a ideia. Mariana disponibilizou um modelo editável do cartaz e, dois dias depois já tinha mais de cem compartilhamentos, 150 pedidos para envio do modelo e quase duzentos downloads diretos.


“Eu não esperava tanta repercussão, mas é muito legal ver esse retorno dos pais. Muito do que se vê na internet sobre autismo remonta tristeza. É difícil achar alguma iniciativa bonita, criativa, animada. Acho que foi isso que cativou as pessoas”, opina Mariana.

O sucesso inesperado fez com que ela desejasse trabalhar ainda mais em função da causa. “Tem muita informação ruim e mal escrita na internet. Além disso, é muito difícil alguém ler um texto científico de quarenta páginas. Muitas vezes, em inglês. Meu trabalho é traduzir e tornar essas informações acessíveis para as pessoas, nem que eu tenha que fazer infográficos, vídeos”.

Além da página na rede social, ela ainda participa de um grupo no aplicativo de conversas instantâneas que une mais de cem famílias de Brasília de outros estados e até do exterior. Segundo ela, a união e a troca de experiências ajuda as famílias a enfrentar os desafios comuns: “Depois dessa visibilidade, recebi contatos de mães querendo conselhos, ajuda, desabafando também, perguntando sobre a existência de um fórum de diálogo, pedindo indicações de profissionais e é muito importante poder contar com a ajuda de outras famílias que já passaram por isso”.

O próximo passo, de acordo com a jornalista, é viabilizar a implantação de um instituto para agregar todos os tipos de terapia necessárias para o desenvolvimento das crianças autistas num só lugar. “As terapias são caríssimas e não são cobertas pelos planos de saúde e é muito difícil e cansativo levar a criança para a terapia comportamental, depois para a fonoaudiologia, neurologia, pediatra. São muitas especialidades diferentes. Além disso, queremos torná-las acessíveis para todos os públicos. Hoje sabemos que criar uma criança autista é três vezes mais caro do que uma criança normal, porque eles precisam de acompanhantes na escola, na prática de esportes”, explica.


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