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quarta-feira, 27 de maio de 2015

APP desmascara mentiras do Bebeto Mitômano: "Admita sua incompetência e peça para sair"


            O governador Beto Richa nas entrevistas que costuma dar a mídia tem insistido na afirmação de que  é uma pessoa de diálogo, avesso a violência e ao confronto. Não foi diferente na entrevista que concedeu ao site UOL, quando diz:  “(...) nunca fui de confronto. Abomino, e para mim violência, agressão, é inaceitável. Sou uma pessoa conciliadora, de fácil diálogo, acessível”. Todos nós sabemos muito bem o quanto Beto Richa é de diálogo, conciliador, não agressivo e não violento, que o digam os mais de 200 feridos no confronto do dia 29.
            Mas não é de estranhar estas afirmações entre outras, como o fato de criminalizar os(as) servidores(as) pela barbárie do dia 29 ou usar a crise nacional para justificar a falência do estado do Paraná, uma vez que até antes da eleições, segundo o próprio, o Paraná era uma ilha de prosperidade, ou o pior – em tom fantasioso que faz inveja aos melhores romances de Garcia Márquez –, a inventiva teoria de que a crise do Parana é orquestrada para desviar a atenção sobre a operação Lava-jato que envolvem partidos da base governista no Plano Federal, esquecendo-se de dizer que o partido do PSDB também está envolvido nas denúncias.
            A seguir tratamos de nos contrapor a algumas das afirmações apresentadas pelo governador durante a entrevista:


            Hora-atividade

Hora-atividade é a hora reivindicada pelos professores para ficarem fora da sala de aula. É a hora em que eles ficam corrigindo provas, preparando a aula seguinte. Para você ter uma ideia, um professor com jornada semanal de 40 horas, dá 26 horas de aula e 14 fica fora da sala.”

            Na entrevista o jornalista pede ao governador que explique o que é a hora-atividade. Antes não tivesse se manifestado. A afirmação de que a hora-atividade é o tempo usado pelos professores para “ficarem fora da sala de aula” é antes de tudo um absurdo, deixando transparecer que os(as) professores(as) ficam tempo demais fora de sala de aula. Tem a clara intenção de criar o falso entendimento junto a opinião púlbica de que os professores(as) trabalham pouco. O 1/3 de hora-atividade que garantimos é conquista da Lei 11738, a Lei do Piso. O que o governador fez foi cumprir a lei, isso depois de muita luta e mobilização da categoria. Além disso, a hora-atividade é momento laborativo e reflexivo da ação docente, de organização do trabalho pedagógico de cada professor e é tão importante quanto o efetivo trabalho em sala de aula. Desmerecer este trabalho ou formar juízo e opinião equivocada é desconhecer totalmente a atividade pedagógica de ensino desenvolvida pelos(as) professores(as) o que demonstra o quão longe está nosso governador das reais condições das nossas escolas.

            Salário e reajuste dos(as) Professores(as)

O piso nacional é R$ 1,9 mil, no Paraná é R$ 3,2 mil.

Agora, pensa (…) 60% nos 4 anos anteriores. Isso garante em torno de 32% de ganho real acima da inflação. E agora eu estou ficando 3% abaixo da inflação, mas já garanti um grande 32%, um grande aumento, acima da inflação. Ainda estamos muito acima no saldo positivo em relação aos professores. Então a greve não justificava.”

            O governador vira o disco mas a música continua a mesma. Repetidas vezes tem insistido que os aumentos foram de mais de 60% ao longo do seu governo e dá a entender que foi benesse de seu governo. Os aumentos conseguidos foram resultados  da Lei do Piso Nacional (Lei 11738/08) e diferentemente do que diz o governo o salário dos professores(as) no Paraná é de R$ 1.731,28 enquanto o Piso Nacional estabelecido no inicio deste ano é de  R$ 1.917,78. A diferença de valores representa os 13,01% reivindicados. Outra questão é que em nenhum dos primeiros quatro anos do governo Beto Richa, a lei foi cumprida em sua totalidade, pois o índice nunca foi aplicado no mês de janeiro como ocorre agora.  Também, nesse momento está em discussão a Lei da data-base. É uma lei conquistada pelos(as) servidores(as) do estado. Até sua aprovação em 2007, não havia índice de reajuste para o funcionalismo público estadual. A lei passou a fixar o IPCA como indexador e o mês de maio para, no mínimo, repor a inflação dos últimos 12 meses. O IPCA dos últimos doze anos indica um índice de reajuste na ordem de 8,17%. O governo oferece 5% divididos em 2 vezes, este mesmo governo que aferiu a si mesmo um reajuste de 14,6% nos salários (o maior entre os governadores do Brasil) e que concede reajuste de auxilio moradia para juizes no valor de  R$ 4.000,00. O que procuramos com o movimento é o cumprimento de leis, da garantia de direitos que estas leis estabelecem. Quem está na ilegalidade é o governador que passa por cima de leis e não as cumpre.

            O massacre do dia 29

O que aconteceu ali é que eles quiseram ir para o confronto. Não há dúvida, (…) o que eles queriam um cadáver naquele dia”.

Queriam agressão, queriam provocação, queriam um cadáver naquele dia”.

Os policias não foram lá no meio da praça bater em professores”.

            A dissimulação do governador continua maior que seu tamanho. Ele não admite culpa na barbárie cometida no dia 29. Evidente que os culpados são os(as) servidores(as) pelos fatos acontecidos naquele dia. Não é necessário gastar texto para se contrapor ao simulacro criado pelo governador para justificar o injustificável, os vídeos com imagens e sons do dia viajam pelo mundo, falam por si e desmentem o governador. Verificamos  nestes vídeos que não eram os manifestantes que queriam um cadáver, ao contrário. Pois vejuamos bem: quem atira em manifestantes com tiros de bochadas, dados em sua maioria da cintura para cima, atingindo cabeça e olhos; quem põe atiradores de elite em telhados de prédios; quem utiliza de helicópeteros em vôos rasantes sobre manifestantes e de onde atiram-se bombas, alias não eram só do alto que as bombas vinham, centenas delas eram arremessadas pelo choque em todas as direções, encurralando as pessoas, deixando-as sem saída; quem não permite que socorristas e ambulâncias prestem atendimento as vitimas; quem  não atende telefonemas de autoridades como a do Ministro, do Prefeito, de procuradores do Ministério Públicos, de representantes sindicais clamando para cessar a barbárie; quem faz tudo isso espera o que se não um cadáver. Os policiais não queriam bater, mais bateram e por pouco não produzem morte. Imaginemos, ironicamente, o que não fariam se tivessem a ordem de bater?
            O governador Beto Richa perde uma boa oportunidade, como foi esta entrevista longa para o site UOL, de esclarecer a população sobre o sumiço do dinheiro no Paraná. Como que em menos de um ano um estado que, segundo o que disse próprio governador antes das eleições, estava com as finanças em dias para um quadro em que o secretário da fazenda diz estar contando moedinhas para pagar as contas.
           Para Richa a culpa por tudo é sempre dos outros e ele apenas a vítima. Isso em psicanalise chama-se de teoria da projeção e classifica-se como uma patologia. Talvez o governador, que já deu  mostras de insanidade ao jogar policiais contra educadores(as), devesse mesmo procurar um divã e quem sabe assim, admita sua incompetência como administrador público e peça para sair

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