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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Médicos indiciados do HC tinham frequência média de 7%, diz polícia

Dez profissionais são investigados por receber sem trabalhar em Curitiba.Operação da Polícia Federal foi deflagrada no Hospital de Clínicas da UFPR

no Portal G1


Os médicos do Hospital de Clínicas (HC) do Paraná indiciados pela Polícia Federal (PF) por receber sem trabalhar tinham índice médio de frequência de 7%, segundo as investigações. Conforme a PF, dentre os dez médicos indiciados há profissionais que nunca foram trabalhar, e professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – instituição à qual o HC é ligado.

A Operação São Lucas foi deflagrada na manhã desta quinta (21) para ouvir 17 servidores – dez médicos e sete funcionários. Um mandando de busca e apreensão também foi cumprido no hospital. Segundo as investigações, os profissionais recebiam salários do Governo Federal entre R$ 4 mil e R$ 20 mil, mesmo sem exercer as funções há anos.

"Eram concursados e recebiam normalmente como todos os servidores, mas compareciam muito pouco ao trabalho, um índice médio de 7%. 

Também há casos de pessoas que nunca compareceram", afirmou o delegado Maurício Todeschini. Os dados abrangem o período desde 2010, quando começaram as investigações.

"Começamos a fazer uma avaliação do custo total do hospital, e então passamos a verificar o custo fixo. E na mesma linha fomos em busca da produtividade de cada médico, e percebemos que haviam casos em que ela era muito baixa", explicou o delegado.

Para disfarçar as ausências, os médicos fraudavam o cartão ponto com entradas e saídas falsas, muitas vezes utilizando residentes para trabalhar em seus lugares. "Há relatos de diversos funcionários de que os residentes carregam o HC nas costas, até por conta da ausência de profissionais", acrescentou Todeschini. A polícia investiga ainda se mais médicos participavam do esquema, e também apura a responsabilidade sobre a falta de controle de presença.

As áreas do hospital diretamente afetadas pelas fraudes foram segundo a PF, ultrassonografia, radioterapia, clinica medica, nefrologia, transplante de medula óssea, cirurgia torácica e cardiovascular, serviço de reprodução humana, radiologia e ginecologia.

Trabalho fora


No inquérito, a PF diz ter encontrado indícios de que, quando não estava no HC, parte dos médicos trabalhava em clínicas próprias. "Há médicos que têm seis ou sete empresas vinculadas ao seu nome, então não ha como eles também atenderem no HC", observa Todeschini.

Segundo o delegado, a PF chegou a pedir o afastamento dos médicos das funções, mas Justiça não concedeu o pedido. "Eles continuam soltos e possivelmente recebendo", lamentou Todeschini.

Os médicos foram indiciados por estelionato qualificado, falsidade ideológica e abandono de função publica.

Em nota, o HC informou que apoia de forma incondicional a apuração de irregularidades, e que desde o início da atual gestão tem agido com ações corretivas, como o processo de implantação de registro eletrônico de ponto para todas as categorias, o controle de jornada dos plantões remunerados através de biometria, e a publicação das escalas de trabalho dos profissionais de saúde.

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