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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Revista Nature condena distribuição de fosfoetanolamina no Brasil

Ione Aguiar no HuffPost Brasil
A Nature, publicação científica mais conceituada do mundo, condenou em editorial a liberação da fostoetanolamina no Brasil.
Por decisão da Justiça, a USP foi obrigada a fabricar e distribuir a suposta pílula anticâncer a pacientes sem que ela tenha passado por testes clínicos.
O editorial da Nature afirma que é improvável que a droga realmente seja um milagre, e classificou a situação brasileira de distribuição de substâncias experimentais como "extrema".

Manifesta preocupação com pacientes que deixam de fazer o tratamento indicado para apostar na promessa da fosfoetanolamina, e diz que sua liberação pela justiça pode criar precedentes perigosos para outras drogas.
"Um laboratório de universidade não é indústria e nem farmácia (...) Nem os benefícios ou os efeitos colaterais da substância são monitorados sistematicamente. Ordenar a uma universidade o abastecimento de uma droga é mostrar desdém para a importância de medidas de segurança", diz o artigo.
O texto prega, finalmente, que a Justiça brasileira "libere os pacientes da queda de braço legal" e mantenha a última decisão, de brecar a distribuição da fosfoetanolamina, até que seu potencial seja estudado.
Entenda
Apesar de não ter registro na Anvisa e nunca ter sido testada em humanos, a fosfoetanolamina era distribuída gratuitamente na USP-São Carlos, até que uma portaria do Instituto de Química proibiu a atividade.
Então, pacientes entraram em queda de braço judicial com a USP para obter a droga experimental. Após decisão do Tribunal de Justiça, a universidade passou a ser obrigada a fabricar e distribuir a substância. No início de novembro, porém, o TJ determinou a suspensão do fornecimento.
Em meio à polêmica e a um momento de forte ajuste fiscal, o governo federal anunciou investimento de R$ 10 milhões em pesquisas com a substância, valor bastante significativo para a ciência brasileira. O anúncio, visto como resultado de pressão política, foi alvo de críticas de pesquisadores e cientistas brasileiros.

Um comentário:

  1. Pimenta nos olhos dos outros é colírio. Minha mãe, vítima de um linfoma, internada em um hospital, 80 anos de idade, ainda viva, fase terminal da doença, outubro de 2011. O médico que a tratava me aborda solicitando seu quarto, dizendo que o necessitava para outros pacientes. Este era o tratamento e a esperança que a ciência oficial me oferecia naquele momento. Evidente que se eu tivesse disponibilidade da fosfoetanolamina eu a teria experimentado, qual seria o risco? Só que eu sequer sabia que isso existia, muito embora já existisse e estivesse em um uso eternamente experimental pelo químico Chierice, da Universidade de São Carlos/SP, há cerca de uns 20 anos. Hoje, quando finalmente o zé povão ficou sabendo que isso existe, e reclama o seu uso principalmente nos mui frequentes casos de quando não mais há esperança, toda a comunidade científica berra reclamando a realização e o cumprimento das etapas técnico-burocráticas para homologar a substância como medicamento eficaz. Muito bem, não discuto a importância e a necessidade de cumprir estas etapas, só questiono por que ainda não o foram, dentro dos 20 anos em que sua existência já é conhecida. Enquanto isso, pacientes terminais apostam suas últimas esperanças em orações. Os tratamentos hoje homologados pela ciência oficial, quimio e radioterapia, são absolutamente ineficazes em uma parcela significativa de casos, e quando são eficazes o são com muitos danos e sequelas colaterais, na medida que invariavelmente agridem e comprometem o sistema imunológico. A fosfo não acarreta sequelas, trata-se de uma substância até gerada pelo próprio organismo, porém em quantidade insuficiente.

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