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sábado, 7 de outubro de 2017

Movimento antivacina: mãe prefere ir para a prisão a imunizar seu filho

Mulher perdeu ação nos EUA contra seu ex-marido que queria vacinar o filho. Agora, ela pode ser presa


O movimento antivacina é uma corrente que, infelizmente para muitos pediatras e organismos internacionais, está na ordem do dia em países europeus como a Itália e a França, onde epidemias de doenças como o sarampo voltaram a colocar as autoridades em cheque, ou como no Estados Unidos, onde há pais que preferem até ir para a cadeia a imunizar seus filhos, alegando que fazer isso iria contra suas crenças.

Nos Estados Unidos, a Associação Médica Americana desacreditou repetidamente os pais que se recusam a vacinar seus filhos por razões distantes da medicina e, como outros organismos, entre eles a Organização Mundial de Saúde, enfatizam sua capacidade para erradicar, proteger e prevenir que as crianças sofram de doenças como o sarampo, a catapora ou a caxumba. Naquele país, ainda em 20 dos 50 estados mais Washington DC, é possível não vacinar por razões religiosas e pessoais. Apenas em três, Califórnia, Mississippi e Virgínia Ocidental, não existem isenções não médicas.

Na verdade, os pais que atrasam ou recusam a vacinação de seus filhos tomam essa decisão por várias razões: crenças religiosas, pessoais ou filosóficas; razões de segurança para seus filhos e a falta de informações que, segundo alegam, existe por parte dos agentes de saúde, de acordo com uma investigação recente realizada em 2016 e publicada no Journal of Pediatric Pharmacology and Therapeutics.

Um último caso ocorrido nos EUA colocou o movimento antivacina novamente no centro do debate quando uma mulher em Detroit (Michigan), Estado no qual não há obrigação de vacinar os filhos, disse em vários meios de comunicação dos EUA “que prefere ir para a cadeia a dar as nove vacinas no seu filho de nove anos”. A obrigação de vacinar acontece depois de uma sentença judicial. “Vacinar meu filho iria contra minha religião. Este é o direito de decidir. De escolha. De poder escolher as opções médicas para meus filhos”, disse a mulher ao The Washington Post. A mãe foi processada por seu ex-marido em novembro passado e desde então não vacinou seu filho. O prazo é esta quarta-feira. “Não tive a oportunidade de alegar minhas razões, por isso o mais provável é que termine na prisão”, acrescentou a mulher.

Embora em Michigan seja permitido alegar razões religiosas para recusar a vacinação, muitas escolas são obrigadas a ministrar um curso aos pais sobre este assunto, tanto em centros públicos como privados. A mulher afirmou que tinha participado destes cursos. E, segundo ela, os dois pais estavam de acordo em não vacinar o menor que agora tem nove anos. O casamento entre os dois foi anulado poucos meses após o nascimento de seu filho. A mãe reiterou que “não é contra as vacinas, mas que deve ser uma decisão dos pais”.
O movimento antivacinas no mundo

Nos EUA as autoridades de saúde têm um problema com as famílias que se recusam a vacinar seus filhos. O sarampo foi declarado erradicado em 2000 entretanto em 2014 surgiram 23 surtos com 668 infectados. No final da década de 1970, a coqueluche estava limitada a mil casos por ano; mas apenas na Califórnia em 2014 houve uma epidemia com quase 10.000 pacientes e mais de 18.000 em todo o país em 2015. Ou em Minnesota, por exemplo, que está passando atualmente pelo pior surto de sarampo em décadas, e onde os ativistas contra as vacinas intensificaram seu trabalho para desafiar os esforços das autoridades de saúde pública e médicos para prevenir a propagação da doença altamente infecciosa.

Este movimento antivacinas começou com força nos EUA em 1988, quando uma revista científica de prestígio publicou um estudo que relacionava o autismo com as vacinas, investigação que foi desacreditada em múltiplas ocasiões por toda a comunidade científica. Agora, quase 30 anos depois, o próprio presidente da nação Donald Trump protege e apoia estas famílias, dando crédito ao movimento em várias ocasiões, inclusive antes de chegar à Casa Branca.

E na Europa, os antivacinas também estão muito presentes. Na França, por exemplo, embora será obrigatório, a partir de 2018, vacinar os menores contra 11 doenças, uma associação está se mobilizando para ressuscitar no país o boato das vacinas e do autismo. As famílias querem pedir uma “indenização por danos causados pela vacinação pediátrica”, que consideram responsável pelo aumento dos casos de autismo entre as crianças.

Por esta razão, as leis de vacinação estão sendo reforçadas em toda Europa, onde a queda da imunização tem causado um aumento de doenças como o sarampo, a catapora e a caxumba, como assegurou o Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC). A Itália, por exemplo, aprovou uma lei que estabelece a vacinação obrigatória para crianças de 0 a 6 anos e penalidades aos pais que não cumprirem o calendário. E na Alemanha, onde a imunização das crianças é voluntária, desde 2015, quando o país sofreu um surto de sarampo, a chanceler alemã, Angela Merkel, alterou a legislação e obrigou os pais que quiserem matricular seus filhos em uma creche a entregar uma justificativa que assegurasse que tinham sido informados sobre os planos de vacinação.

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